Cantora carioca lançou recentemente o CD “Nossa Alegria”, um projeto de muitos anos e cujas canções começaram a fazer sucesso na internet.
Com 10 anos de carreira, Manu Santos acaba de lançar seu primeiro CD, “Nossa Alegria”, um trabalho independente que está sendo muito elogiado pela crítica.
No repertório, músicas próprias e outras bem conhecidas como “Lua de São Jorge” (Caetano Veloso), “Lugar comum” (João Donado / Gilberto Gil), “Deixa eu dizer” (Ivan Lins / Ronaldo Monteiro), “Un Vestido y un Amor” (Fito Paez) e ainda canções de Moacyr Luz, George Israel e compositores de novas gerações como Marcelo Camelo, Fred Martins, Giana Viscardi e Rodrigo Santiago.
O sucesso a acompanha e não é de hoje. Vencedora da 2ª Mostra de Talentos do Carioca da Gema, na Lapa, Manu Santos foi convidada pelo Jornal O Globo para o show de encerramento do 8º Circuito Rio Show Gastronomia 2011. Participou, em 2008, do evento mundial Pangea Day produzido pela Nokia em sete cidades (Rio de Janeiro, Londres, Los Angeles, Paris, Cairo, Mumbai e Kigali), e transmitido ao vivo para 180 países.
Em 2005 bateu o recorde de público na Lona Cultural Hermeto Pascoal, na zona oeste do Rio. Em 2003 foi convidada por Oswaldo Montenegro para participar dos espetáculos “Noturno” e “Aldeia dos Ventos”. Se você, amigo leitor (a), gosta de uma boa música e adora conhecer na internet novos talentos, a entrevista abaixo e o repertório desta grande artista, são um prato cheio!
Aos 17 anos, você gravou no estúdio de seu pai, a primeira música de sua carreira, que foi “A Felicidade”, de Jobim. Foi seu pai, o responsável por você se apaixonar por música desde cedo? Na família, já há algum artista além de você?
A minha família sempre foi muito musical. Fazíamos vários encontros aqui em casa. Cantávamos de tudo. Não tinha como não me envolver com a música. Eles não eram profissionais mas amavam a música. Minha avó estudou piano, cantava em coral. Meu avô junto com o meu pai fizeram várias canções. Minha mãe tinha uma voz linda. Imagina conviver com tudo isso? Era maravilhoso! Um encanto! E me deixei levar e com certeza, o meu pai foi o meu grande incentivador.
Que tipo de música você sempre gostou mais de ouvir, Manu? Em casa, quem te apresentou mais aos grandes nomes da Música Popular Brasileira? Quais você mais adora?
Sempre gostei de ouvir clássicos da MPB. Os grandes cantores como: Elizeth Cardoso, Cartola, Noel Rosa, Dolores Duran, Milton Nascimento e Maria Bethânia. E uma linda e maravilhosa intérprete da Argentina, Mercedes Sosa. Minha família que me apresentou tudo isso.
Embora você afirme que canta de tudo um pouco, qual o tipo de música você adora cantar um pouco mais?
Eu gosto de cantar MPB. Essa é a verdade.
Com pouca idade, foi difícil lidar com a responsabilidade e a disciplina que a carreira exige? Onde começaram a surgir as suas primeiras oportunidades? Do que você sente mais saudade?
Foi muito difícil, não posso negar… Meu pai fazia tudo por mim, mesmo sem poder. E quando ele partiu… Eu me vi sem chão… sem saber o que fazer. Pensei em largar tudo. É difícil falar sobre isso. Logo me vi tento que correr atrás do nosso sonho. E graças a Deus, nessa fase recebi duas ligações que mudou a minha vida (porque minha vida ficou agitada e me encorajou não desistir) João Roberto Kelly, o Rei das Marchinhas me convidando para cantar com ele no Teatro Gláucio Gill e Pedro Paulo Carneiro me convidando para fazer uma temporada na Livraria Letras&Expressões. Foi um momento importante na minha carreira. Do que eu sinto saudade? Do meu querido pai…
Como você fez para aperfeiçoar o seu talento com o passar dos anos? Frequentou alguma escola? Quem foram os seus mestres?
Quando pequena, aos 4 anos de idade, eu gostava de imitar a Wanderléia, Fafá de Belém e de uma maneira engraçada posso dizer que elas me ensinaram muita coisa. Só fui fazer aula de canto mesmo 8 anos depois que comecei a cantar profissionalmente, com Eduarda Fadini.
Durante as aulas ela elogiava algumas técnicas que eu usava mas eu não sabia o que estava fazendo. Com ela aprendi a usar mais intencionalmente os meus recursos vocais. Com relação a interpretação os artistas que mais influenciaram foram: Maria Bethânia e Mercedes Sosa.
Mesmo tendo o dom, pensou alguma vez em seguir uma carreira paralela, fazer alguma faculdade? Você chegou a se formar em alguma outra área? Qual e porque?
No começo da adolescência, aos 11 anos de idade, queria ser oceanógrafa, mas logo essa vontade se desfez. rsrssrs
Depois, aos 20 anos, cursei Letras mas tive que trancar por conta das viagens. Não conseguia conciliar os horários da vida “normal” com o mundo louco que é a música. Essa foi a primeira vez na vida em que eu recebi a lição de que você infelizmente precisa dizer não a coisa ótimas se você quiser viver o seu sonho perfeito. Não há tempo para todas as coisas que eu gostaria de fazer, mas eu pretendo futuramente voltar e terminar a faculdade.
Você começou em 2001, com 16 anos, e logo em 2003, foi convidada a trabalhar junto com Oswaldo Montenegro, nos espetáculos “Noturno” e “Aldeia dos Ventos”. Como foi que surgiu este encontro e a possibilidade destas grandes apresentações? Além do Oswaldo, com quem mais você já cantou?
Não foi exatamente um convite, foi um teste. E foi maravilhoso! Trabalhei com ele e com Madalena Salles durante 6 meses no Espetáculo “Noturno”. Aprendi a voltar a ser aquela criança que eu era aos 4 anos de idade, que dançava e cantava na frente de todos sem sentir vergonha. Ou seja, ele me libertou. A educação infantil muitas vezes acaba com a permissão de sermos mais alegres e expontâneos. Toda criança recebe muita proibição dos pais e isso mina nossa criatividade. Já vi muitas pessoas com o potencial artístico gigantesco mas que não se dão nem a chance de tentar porque tem medo do que os outros vão dizer. As coisas não deveriam ser assim. Já tive a honra de dividir o palco com George Israel, Rodrigo Santos, Dona Ivone Lara, Ana Costa, João Pinheiro, Mariene de Castro e Maíra Freitas.
Como você enxerga o momento atual da música brasileira? Tem algum artista atual com quem você ainda gostaria de trabalhar junto? Qual e por quê?
Acho que a nossa música cresceu muito nos últimos anos e só vai melhorar daqui pra frente. Musicalmente falando. Brasil, tem recebido merecidamente grandes cantores e compositores. Que estão prontos para serem descobertos. A nossa industria fonografica, não esta lá essas coisas. mas, A internet tá aqui pra isso. Pra servir o melhor canal de distribuição desse século. O meu sonho é dividir o palco com o Milton Nascimento, pra mim ele sempre será atual!
No dia 12 de maio, você lançou o CD “Nossa Alegria”, no Espaço Cultural Hermeto Paschoal, no Rio. Como foi este momento para você?
Já havia feito o lançamento oficial do CD ano passado no Centro Cultural Carioca, mas não podia deixar de lançar em minha terra, onde tudo começou, em Bangu. Foi maravilhoso! Emocionante! Casa lotada. E receberam muito bem o “Nossa Alegria”.
De todas as músicas deste CD, qual a que mexe mais com você e por que?
Com certeza, “Canto pro Mar”. Foi a primeira música que lancei na internet e que o público tem recebido muito bem. E eu amo o mar…
Todas as músicas são de sua autoria? Conte-nos um pouco mais sobre como foi a produção deste trabalho, o tempo que levou, as parcerias que possui.
Não, só uma canção “Uma flor” em parceria com Rodrigo Santiago, meu querido noivo. Foi uma emoção muito grande poder gravar os que fizeram e que fazem parte da história da música. E isso tudo foi possível através do produtor do meu CD, André Agra. O Moacyr Luz, tive o prazer conhecer no Carioca da Gema e acabei pedindo uma canção pra ele e na mesma hora ele foi atencioso e encaminhou a canção. O George Israel já havia cedido a canção pra mim há 6 anos. Acabei juntando a nova safra de compositores: Rodrigo Santiago, Rogério Batalha e Giana Viscardi. Giana foi uma querida! Além de ser uma excelente compositora ela também é uma EXCELENTE cantora e uma pessoa carinhosa. Quando pedi uma canção pra ela, recebi pelo email 8 canções, eu nem acreditei. Me emocionei muito com o retorno de todos.
Atualmente, você é a finalista do MPTM – “Música Pra Todo Mundo” um Concurso Nacional promovido pela OI. Como você tomou conhecimento deste Concurso? Muita gente está votando em você, a presença no Festival já está garantida? Se ainda não, como podemos garantir de vez?
Fiquei sabendo desse festival através do site da Oi Novo Som. Fiz a inscrição sem pretensão alguma. E quando recebi o e-mail deles dizendo que de 800 artistas eu estava entre os 30 finalistas, eu nem acreditei. E então começamos com a campanha. A votação já foi encerrada com os 4 vencedores. Fiquei em 5°lugar que pra mim já foi maravilhoso.
Em 2008 você participou do evento mundial Pangea Day, produzido pela Nokia e transmitido ao vivo para 180 países. Como surgiu esta oportunidade e com quais artistas você se apresentou? Como você reagiu, quando soube que iria cantar no mesmo evento que o Gilberto Gil, o seu ídolo?
Foi uma honra subir no palco do evento Pagea Day. O público me recebeu muito bem. Pra mim foi uma surpresa receber esse convite. Estar no mesmo evento que o Gilberto Gil foi maravilhoso. É claro que não pude segurar o meu momento tiete. Fui lá e tirei uma foto com ele. Fiquei muito emocionada!
Você continua mantendo contato com o Padre Fábio? Além dele, quais outros artistas já ouviram e gostaram do seu CD?
O contato que tenho com ele é via twitter. Gente boa demais! O querido George Israel, o João Roberto Kelly, Patrícia Mellodi, Mariene de Castro…
Onde mais você irá se apresentar este ano? Onde e como é possível adquirir um CD seu?
Esse ano fiz uma pequena turnê em BH. Que foi lindo demais! Pessoas maravilhosas e que receberam maravilhosamente bem o “Nossa Alegria”. Saí de lá encantada com tanta atenção e carinho. Você pode adquirir o meu CD pelo site da Livraria Cultural ou pelo menu: www.manusantos.com.br
Entrevista: Fernando Aires. Foto: Divulgação.